Cibertaque impacta lucro do Fleury no 2° trimestre
por CCHDCDespesas com consultoria para resolver o problema tiveram impacto de 8,5% no lucro líquido da rede de medicina diagnóstica
O balanço do segundo trimestre do Fleury foi impactado pelo ataque cibernético sofrido pela companhia no fim de junho. As despesas com consultoria para a retomada do sistema da rede de medicina diagnóstica e a redução da receita nos quatro dias em que não foi possível realizar os exames médicos impactaram o lucro líquido em cerca de 8,5% e em 19% a linha do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).
A companhia apresentou Ebitda de R$ 219,7 milhões, considerando uma redução de R$ 29,4 milhões devido a itens não recorrentes. Entre esses itens estão gastos com reestruturação e o ciberataque – esse último representou cerca de dois terços do total de itens não recorrentes.
Já o lucro líquido foi de R$ 65,5 milhões. Esse valor inclui uma redução de R$ 21 milhões provocada pelos itens não recorrentes, sendo R$ 14 milhões em decorrência do ataque cibernético, conhecido como “ransoware”. Nesse tipo de ataque, o hacker se infiltra na rede da vítima e criptografa os dados, tornando-os incompreensíveis.
“Não houve sequestro de dados, eles foram todos preservados”, disse Jeane Tsuitsui, presidente do Fleury. “Em quatro dias, restabelecemos nosso atendimento nos hospitais e serviços de atendimento aos clientes.”
A rede de medicina diagnóstica contratou as consultorias PwC, Accenture e Proteus, e as empresas de tecnologia IBM e Microsoft para assessora-la no episódio.
Na comparação entre os balanços do segundo trimestre deste ano e o de 2020, o Fleury apresentou forte crescimento. No mesmo período do ano passado, a companhia apurou números fracos por conta da deflagração da pandemia, o que obrigou a rede a fechar várias unidades. Além disso, o balanço deste ano leva em consideração o impacto positivo de aquisições feitas pelo grupo.
No trimestre, o Fleury reverteu prejuízo de R$ 73,3 milhões apurado um ano antes. O Ebitda apresentou margem de 26,7%. No ano passado, o resultado operacional foi de R$ 19,6 milhões, com margem de 4,3%.
A receita líquida atingiu R$ 932 milhões entre abril e junho deste ano, mais do que o dobro dos R$ 454 milhões de um ano antes. “Mesmo considerando a pandemia do ano passado e as aquisições, tivemos crescimento orgânico”, destaca Jeane.
A linha de novos negócios, que inclui clínicas de oftalmologia, ortopedia, fertilização, gestão de saúde e marketplace, já representa 8% da receita bruta. “Esse negócio pode ser do tamanho da medicina diagnóstica. Há uma avenida de crescimento”, disse a executiva.
Fonte: Valor Econômico