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27 de fevereiro de 2025

Entenda o que é Due Diligence e a importância dessa ferramenta

por CCHDC

Realizar Due Diligence em fornecedores e clientes auxilia a empresa a se conectar com parceiros que irão agregar nos negócios, reduzindo riscos que podem impactar os lucros e protegendo a reputação da empresa.

Você sabia que no ano de 2024, mais de 70% das empresas brasileiras perderam alguma porcentagem de seu lucro em razão de problemas com fraudes? Você sabia que somente 55% das empresas possuem um processo eficiente de due diligence? E o que estes dois assuntos têm em comum?

Os principais motivos que levaram as empresas a enfrentarem situações de fraudes em 2024: (i) pouca governança nos processos de compras (procurement); (ii) corrupção na gestão de terceiros; (iii) falta de mapeamento de riscos relacionados à trabalho análogo a escravo na cadeia de suprimentos; e (iv) realização de negócios com empresas situadas em países sancionados ou com restrição, conforme listas internacionais.

Como é possível observar, os principais motivadores que levaram as empresas a enfrentarem problemas de fraudes, que afetaram seus lucros, poderiam ter sido evitados com um bom processo de due diligence implementado e efetivo. Neste artigo iremos analisar a importância dessa ferramenta na prevenção de fraudes e proteção da reputação e negócios de qualquer empresa.

Entenda o que é o processo de Due Diligence.

Due diligence significa Devida Diligência ou Diligência Prévia. é o nome que se dá ao processo de análise e investigação detalhada sobre um potencial parceiro (seja PJ ou PF), com o objetivo de identificar riscos e ameaças que possam comprometer a relação comercial ou institucional, trazendo responsabilização para os envolvidos, seja por ação ou omissão.

Na maioria dos casos, o processo é feito de modo automatizado, através de ferramentas disponíveis no mercado. E o resultado das análises inclui a identificação de ativos e passivos da empresa, dossiê de sócios, envolvimento em atos ilícitos, cadastro em listas restritivas, mídias negativas, dentre muitas outras possíveis “bandeiras vermelhas”, também conhecidas como “red flags”.

Independentemente do tipo de análise e ferramenta escolhida pela empresa, o objetivo do due diligence é sempre o mesmo: proteger a empresa de prejuízos financeiros e reputacionais, evitando a realização de negócios com parceiros que possam estar envolvidos em práticas ilícitas, antiéticas ou condutas não profissionais, que possam repercutir em um a responsabilização da empresa.

Qual a importância destes processos para o sucesso da minha empresa?

O objetivo do processo se confunde com a sua importância. Ao buscar conhecer seus parceiros e identificar ameaças, a empresa consegue tomar decisões informadas sobre suas relações e minimizar os riscos envolvidos, protegendo sua saúde financeira e reputacional.

Independente do porte e setor da empresa, todas fazem negócios diariamente utilizando parceiros, seja ao se conectar com fornecedores e clientes, seja na contratação de funcionários, consultores e terceiros. Todas estas relações e atividades podem envolver diversos tipos de riscos e são os principais motivos que levaram as empresas a enfrentarem situações de fraudes em 2024, conforme relatório divulgado pela PWC.

Por exemplo, com relação as fraudes em procurement, ou fraudes no setor de compras, o processo de due diligence ajuda a empresa a entender quem é o fornecedor previamente à contratação, possibilitando a identificação de eventuais conflitos de interesses entre partes relacionados que possa impactar na escolha do melhor fornecedor para a empresa.

Já sobre o risco de corrupção, especialmente na gestão de riscos de terceiros, o processo de due diligence auxilia no conhecimento aprofundado de eventual consultor que irá representar a empresa perante órgãos do governo, reduzindo o risco de se firmar uma relação com consultor que tem a prática de pagar propina aos agentes públicos em benefício da empresa, o que levaria a uma responsabilização conjunta.

Na cadeia de suprimentos, o processo de due diligence suporta a empresa na escolha de seus fornecedores, mapeando eventuais riscos relacionados à trabalho análogo a escravo no processo produtivo. Ainda que a falta de conformidade seja do fornecedor, a empresa poderá ser responsabilizada de forma solidária por pertencer a cadeia.

Como último exemplo, mas não menos importante, o processo de due diligence identifica parceiros de negócios que possam estar envolvidos em atividades com empresas ou países não permitidos ou restritos, conforme listas de sanções internacionais.

Como diz Warren Buffett: “O risco vem de não saber o que você está fazendo”. O processo de due diligence traz luz aos negócios, possibilitando à empresa tomar decisões informadas com base na mitigação de riscos.

 

Como o processo de due diligence funciona na prática?

Existem diversas ferramentas no mercado que auxiliam nesta análise, para que ocorra de maneira ágil, organizada, confiável e dentro dos parâmetros legais. Hoje em dia, inclusive, grande parte destas ferramentas faz uso de inteligência artificial para aprimorar suas bases de dados de maneira automatizada.

Em linhas gerais, o processo é sempre o mesmo:

  • identificar riscos ou bandeiras vermelhas (“Red Flags”) atreladas à empresa ou pessoa em foco;
  • analisar e entender se tais riscos ou red flags são mitigáveis ou se são impeditivos para o início da relação;
  • propor e implementar medidas de mitigação, caso sejam possíveis, ou encerrar tratativas;
  • Obter sempre dupla camada de aprovação das decisões tomadas; e
  • documentar toda a análise e ações implementadas, ou motivo de encerramento das tratativas.

Além disso, para que seja um processo efetivo e robusto, o ideal é que periodicamente a empresa repita o processo de due diligence no parceiro, sendo que a periodicidade dependerá do nível de risco identificado. Quanto maior o risco, o due diligence deve ser repetido com maior frequência, por exemplo, a cada ano.

É importante que no curso do processo de identificação e mitigação de riscos, sejam considerados outros elementos, como: o nível de risco de corrupção do país onde o parceiro está situado (Índice de Corrupção CPI – Transparency Portal); potencial risco associado a natureza do setor de atuação; eventuais tendências relevantes no mercado; o porte da empresa; a maturidade da empresa em termos de programas de compliance; dentre outros.

Por fim, este processo deve ser realizado sempre previamente ao início do relacionamento, para que as ações de mitigação sejam realmente efetivas perante a lei e previnam a empresa de eventual responsabilização.

O processo de conhecimento de um parceiro (due diligence) deve ser entendido como um aliado dos negócios de toda empresa, pois além de mitigar riscos, ele garante o cumprimento da lei e suporta a empresa na escolha de parceiros que façam sentido institucionalmente. Não importa qual seja a necessidade da empresa, contratar um terceiro, cadastrar um novo fornecedor, identificar novos distribuidores, efetuar uma aquisição, ou outra, esta ferramenta é um divisor de águas entre: estabelecer relações “no escuro”, “contando com a sorte”; e conhecer seus potenciais parceiros e ter o poder de escolha nas mãos, selecionando empresas que agreguem valor ao seu negócio e impulsionem seu sucesso!

Autores: 

Giovanna Crotti 
[email protected]  

Felipe do Lago Nogueira Dias
[email protected]   

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